Maíra em palavras

Relatos póstumos de uma viagem

SEXTA-FEIRA: Eu estou indo para Campinas, depois de mais ou menos um tantão de tempo. Vou ficar lá apenas 1 ou 2 dias, mas já é o suficiente pra me deixar cheia de expectativas. Idealizo reencontros, momentos inusitados, que quase nunca acontecem. Fico sempre na expectativa, por isso, cada vez que decido ir para a terrinha, meu coração bate mais forte, como se também acreditasse que alguma coisa daquela época pudesse ser resgatada. Bobagem. Criancice. Apenas mais uma viagem. De ônibus. Ônibus fedido e barulhento da Cometa. E a passagem aumentou. Pra cacete! Por pouco não tenho que voltar em casa pra pegar mais dinheiro. Mas deu tudo certo, como havia de ser.

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E então liguei pro Zé e falei que tava indo pra Sampa no domingo e ele já veio com um papo de "vou te levar pra um restaurante...". Vá de retro, satanás!

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Eu tô pensando em ficar direto em Sampa depois do curso. Preciso aproveitar que Murphy ainda está de férias e agitar uns trabalhinhos.

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Tudo bem, viagem de Cometa eu até aceito. Agora, poltrona do lado do banheiro, só mesmo um corneto de crocante para tirar este trauma.

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Será que eu tenho cara de professora Raquel? Não, porque tem um garotinho muito Fred que não pára de olhar pra mim. Fred pentelho.

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Acabo de ser invadida por um enorme sentimento de culpa. Como posso ser tão desnaturada ao ponto de ir visitar a minha família, só porque ganheiro um curso grátis em Sampa? Sou horrível! E esse cheiro de Cometa é bem pior.

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Ai, que sede! Quem mandou comprar corneto de crocante sem comprar água? Tu já conhece a tua síndrome da boca-seca, não conhece? Bem feito!

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Eu já comentei que meu coração tá começando a tum-tum por alguém? E, mas não posso falar sobre isso agora. Os browsers têm ouvidos.

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Putz! Esqueci o pijama e a escova de dentes. Sabia...

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SÁBADO: Foi bom. Não reunimos a 801 toda, mas foi bom. Após um dia inteiro à mercê de sister, fui pro warm-up na casa do Lélis. E tavam lá Gil, Kiko, Celo, Crislaine, Crislei e adjacentes. Depois rolou Cartoon até 3 da manhã e cheiro de cigarro no cabelo até agora. E foi no Cartoon que encontrei o Polar. Quando der, mostro as fotos.

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DOMINGO: Eu tenho certeza de que o curso do Abreu foi maravilhoso. Eu só queria ter ficado um pouco mais acordada para sacar isso.

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Ninguém merece a minha vida! Murphy está de volta e resolveu aloprar o meu dia!

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Quero a minha cama!!

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Estou em crise de abstinência. Preciso checar meu e-mail!

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Come, vaca! Come pra esquecer...

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E a tarde inteira / Fiquei esperando / Pra te ver tão lindo / De carro me buscando...

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Agora é sério: preciso da minha cama!

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Eu sou monga
Monga
Monga
(de novo)
Monga
Monga
Monga
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Oquei, ninguém tá entendendo nada, né?! Explico: todas as pessoas com quem eu havia marcado de encontrar e obter abrigo aqui em Sampa foram abduzidas por seres extraterrestres e me abandonaram ao léu, com uma mala quase tão pesada quanto eu. Portanto, sou uma andarilha, metade mulher, metade zumbi, que assusta criancinhas e derruba velhinhos com a sua sinistra mala das trevas.

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Desculpem os posts acima. É que a minha cabeça se recusa a funcionar com certa coerência.

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Chega, por hoje! Cansei de escrever neste caderninho besta. Quero meu keyboard agoraaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

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HOMENAGEM AO SETE DE SETEMBRO: Ouviram do Ipiranga às margens plácidas / De um povo heróico o brado retumbante...
Quem é que não sentiu um enorme alívio quando descobriu que as palavras OUVIRUM DUIPIRANGAS MARGENS PLÁCIDAS DIUM POVEROICOBRADO RETUMBANTE tinham significado em nossa língua?

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