Maíra em palavras

Desabafo do Dia

O que faz certos homens (os feios e velhos, pra ser exata) ficarem mandando beijinhos e cantadinhas, como: “oi, potranca!”, “vem cá, gostosa!”, “sabia que você é uma pantera?”, toda vez que uma mulher passa por eles? Eu digo “mulher”, porque esse é exatamente o único pré-requisito necessário para alguém levar um XPO (tradução: Xaveco Peão de Obra ou Xaveco Playboy Otário) na orelha. Você ainda corre o risco de ser xingada publicamente se ignorar o xaveco. Pode? O pior é que pode sim e ninguém faz nada contra isso. Infelizmente, ainda não inventaram uma lei contra XPO. Enquanto a lei não sai, vou esclarecer alguns pontos, em nome de todas as mulheres (tudo bem, nem todas): queridos POs, por mais que vocês se esforcem duramente, treinando vozes sexys e decorando xavecadas, nós, mulheres (aquelas que ainda se encontram num grau considerado normal de carência) não vamos nos apaixonar por vocês no meio da rua. Desistam! Reconhecemos a dedicação, but, thanks, no thanks!
Eu mesma já bati boca (falo de discussão) com muito PO no meio da rua. Uma vez, quando ainda morava em Campinas, um PO de muletas (cara-de-pau, perna-de-pau) começou a me dizer obscenidades, enquanto me seguia. Não pensei duas vezes: arranquei dele uma das muletas e dei com tudo naquela cabeça imunda. Como se não bastasse, joguei a muleta no meio da rua. Sem-querer ou não, debaixo de um carro. Pelo menos deu tempo de correr – não dele, por razões óbvias, mas das pessoas que foram socorrê-lo (acharam que eu fazia parte de algum tipo de organização antideficientes físicos). E mais uma vez, o PO saiu impune...
Quem sabe se vocês aprendessem alguns elogios ego-edificantes, como "você é a mulher mais linda que eu já vi", "que cabelos sedosos", "seus olhos são inebriantes", nós, mulheres pararíamos para ouvir e chegariamos ao ponto de agradecer? Hein? Que tal a mudança?