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sexta-feira, setembro 24, 2004

O dia em que fiquei famosa

Vocês lembram daquele cd que eu gravei e que foi um sucesso e que vendeu pra caramba? Não? Como não? Ah, já sei, deve ser porque ele nunca existiu. Pois é... Sempre achei que não existisse o tal cd, até ontem. É que tem esse cara, que me viu nascer lá na Holanda. Super amigo dos meus pais, da família. Ele jura-de-pés-juntos que, ao dar uma passadinha na Fnac, em São Paulo, ora vejam, deu de cara com o meu cd. Maíra Carneiro, a grande cantora. E tinha lá a minha foto, ele disse. E tinha lá o endereço do meu site, ele disse. E tinha lá: "jovem cantora, nascida na Holanda...", ele disse. Falar o quê? Fazer o quê? E os outros transeuntes do local confirmavam que, sim, Maíra Carneiro é grande cantora e, sim, conheço muito, adoro a voz dela. Como?, eu pergunto. Como pode? No começo achei que era só uma historinha fantasiosa do meu paizinho, que como eu, adoro historinhas fantasiosas, mas resolvi conferir diretamente da fonte e mandei um e-mail pro tal amigo. E, adivinhem? É isso mesmo. A história pareceu-me bem lógica, apesar de não ter lógica nenhuma.

E tudo isso fez-me lembrar do dia em que fui ao lançamento do songbook do Oswaldo Montenegro e, ao entrar na livraria Travessa, ele gritou: "Ora vejam, Maíra, minha escritora predileta!". Claro que não demorou muito para que duas senhorinhas, daquelas que invadem o apart do Oswaldo pra agarrá-lo, viessem ao meu encontro para tecer elogios à minha obra literária. Agora, mais uma vez pergunto: que obra? Tá falando daquela que existe apenas na pasta "meus documentos" do meu computador? Daquela que, no máximo, cinco pessoas conhecem? Ah, sim, brigada senhorinhas doidonas, brigada. E a Carla tava comigo e não se aguentou de rir e teve que pedir licença, me deixando sozinha com aquelas monstras. E uma delas disse que queria que eu casasse com o neto dela, que ela "sempre" quis isso. Reparem no detalhe: "sempre". Então quer dizer que eu já era famosa e não sabia? Putz, que desatualizada sou!

E nessa, vai me dando o maior desespero, porque tudo não passa de historinha fantasiosa e o que passa, sim, é o tempo, que não pára de passar...

Coloco aqui um pequeno trecho do e-mail do amigo-que-viu-meu-cd, Marzagão, na esperança que todas as historinhas fantasiosas venham a se tornar realidade, mas que, pelamordedeus, nunca deixem de ser fantasiosas:

"A história ficará realmente incrível se este CD de fato não existir e tenha sido colocado lá pelos ventos do futuro só para que a Euzinha e suas histórias fossem descobertas..."

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