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quinta-feira, janeiro 01, 2004

Adeus Ano Velho, Feliz Ano Novo

É certo que essa coisa toda de Ano Novo faz você refletir sobre o dito Ano Velho e sobre o que fez de errado e de certo e quanto valeu a pena e blá, blá, blá. Fiz a reflexão, meio mais ou menos pra não ficar saudosa. Sabe como é, né?! Tenho esse problema, sabem, Saudosite Aguda.

O que mais me interessou a respeito dessa tradição reflexiva, foi o efeito que ela causou em meu pai. Claro que tem o efeito do vinho também, mas o velho (nem tanto, nem tanto) desembestou a contar histórias de sua infância, adolescência, pré-adultície, etc... A visita que ele e minha mãe fizeram a Campos, onde meu pai nasceu e viveu por alguns anos, contribuiu imensamente para desencadear o tal problema de saudosite, que vim a descobrir que só pode ser genético.

E ele contou do pé de romã, que infelizmente se foi. Coisa horrível!, ele disse. Parecia que falava de um grande amigo e falou da janela. A tal janela, da qual sempre ouvira falar. A janela do quarto da casa que meu pai nasceu. Era de lá que ele avistava as nuvens e criava seus personagens e suas histórias. Era de lá que ele e meu tio gritavam a vizinha e a molecada toda da rua. E ficou todo feliz, porque ninguém fez mal à janela. Intacta!

Minha mãe tava me contando que ele chegou a ter medo de ver a casa e, de repente, constatar que a janela havia sumido. Foi com calma, apreensivo, medo mesmo. Mas ela ainda tava lá! "A minha janela!", ele disse. E tava até agora aqui, do meu lado, contando histórias da janela, que nada mais eram do que suas histórias. Histórias de Campos, da Vovó Dinheirinho, do Titio Amaro, da Prima Vilma, da Gilza, Gilma, e todos quantos eram avistados de lá, da Minha Janela.

E todos temos nossa janela. Um dia vou descobrir qual é a minha e vou poder contar suas histórias aos meus filhos.

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