Maíra em palavras

Homeless

Meus filhinhos estão homeless. Não têm pra onde ir, os pobres. Ai, meu Deus! Vou viajar, entende? Pra Campinas, entende? Amanhã, entende? E até agora não arrumei ninguém pra ficar com eles. Simplesmente o Murilo, aquele que tá alugando nossa casa em Jacarepaguá, não quer mais meus filhos lá, latindo o dia inteiro no ouvido dele. Quem ele pensa que é? Eu até que diria alguns desaforos pra ele, só que ele tá pagando dinheiros pra ficar na casa, então, tecnicamente a casa agora é dele e ele tem todo o direito legal de não querer cuidar de filhos dos outros. Muito chato isso! E minha vó tem pânico de deixar o Beto (nosso handy-man) aqui em casa na ausência dela e até parece que ele não é quase da família e ela teve a coragem de pedir pra ele cuidar das plantas, mas Beto, não quero você dormindo aqui não, vá dormir na praia. Como assim, na praia? Coitado do Beto! Ele até que disse que adoraria cuidar dos meus filhos, porque eles o chamam de titio Beto e o respeitam e ele faz passeios bacanas e tudo. Só que Beto também é homeless, porque ele mora aqui, quando aqui estamos e mora em Jacarepaguá, quando o Murilo não está e segundo a minha vó, ele também mora na praia, digo, na areia da praia.
Outro infortúnio: o canil que, a princípio hospedaria meus filhos está em reforma. Não sei o que faço. Poderia deixar um dinheirinho e dizer "filhos, mamãe já volta, tá? É só um finde, oquei? Aqui tem dinheirinhos para comidinhas e brinquedinhos. Não se esqueçam de desligar o gás, fechar as janelas e trancar a porta quando forem passear. Mamãe vai sentir saudades!". Eu até que poderia, mas eles ainda não sabem contar...